Outro dia comprei um DVD no Amazon de um filme que havia visto há tempos, e que acredito até ter por aqui, mas por não encontrá-lo facilmente optei por comprar no Amazon.de (ainda não era assinante do Lovefilm.de.
Bem… eu assisti na minha nova TV, a primeira LED que eu tenho, e que está me fascinando… montei aqui na sala um verdadeiro home theater e ao mesmo tempo uma estação de trabalho, e estou adorando. Meu netbook novo, Medion, com 8 megas de RAM, que comprei no Ebay como produto B (por ter sido devolvido ou algo assim) é simplesmente bárbaro… e agora está acoplado com a nova TV-monitor, com o aparelho de video (video player)… bem, estou envolta numa salada de fios, pois conectei tudo o que poderia e não poderia ser conectado… ahahah… até o aparelhinho de som eu também acoplei, e dependendo de eu usar o monitor como reprodutor de video, TV, ou computador, eu ligo a saída do som numa entrada ou outra (TV ou micro)…
… mas não era sobre isto que eu queria escrever… e sim sobre o insight que eu tive…
O ENIGMÁTICO RECADO DO FIDALGO DA TORRE
Numa de nossas últimas conversas por telefone, pouco antes de sua morte, meu amadíssimo amigo Francisco Calbucci (que eu sempre chamava de Francis, depois eu explico o lance do „Fidalgo da Torre“…) disse que tinha algo importante a me dizer… e falou-me para assistir ao filme „Ensina-me a viver“. Bem, eu na época não entendi o enigma que estava por trás de sua sugestão, mas talvez hoje eu compreenda… ou comece a digerir (mais do que isto)…
Para quem não conhece o filme (acredito que 95% dos que lerão isto), trata-se de uma linda história sobre amor, vida e morte. Para os que esperam algo mais de um filme do que apenas „passar o tempo“ e um entretenimento rasteiro, eu recomendo.
Aqui a música do filme… (um trecho no qual ela é cantada)…
E aqui um trailler do mesmo:
E outro trecho…
A DIFICULDADE DE EXPLICAR EM PALAVRAS UM SENTIMENTO INEXPRESSÁVEL
Depois do telefonema de meu amigo, que por viver numa enorme morada com uma torre de dez metros de altura (daí o „fidalgo“), eu pus-me a pensar… mas por que ele me diz pra assistir este filme, se fui justamente eu que havia recomendado a ele? Bem… pois este filme diz muito, talvez seja a essência de tudo que faz sentido pra mim hoje, com a minha idade e nas minhas circunstâncias. Francis era mais velho do que eu, quando nos falamos pela última vez estava com 73 anos, e não chegou a completar 74… uma das pessoas que mais amei nesta vida, ao lado de meu pai e de meu esposo, entre outros entes queridos.
Ele costumava dizer, nos últimos tempos, que encontrava-se na antecâmara da morte… o que poderia causar impacto nas pessoas comuns e que não o conheciam, mas não em mim. Ele tinha esta consciência que agora me toma de assalto… de que não temos muitos anos de vida pela frente. Podemos ter mais ou menos, mas não muito. Depois dos setenta anos de idade, eu creio que esta percepção da finitude pode ser, para os mais sensíveis, algo brutal.
Algo que costumava me dizer também, era que tudo o que eu quisesse fazer de importante nesta vida (mudanças de residência ou de país) que fizesse antes de completar sessenta anos de idade. Francis era um profeta, eu poderia dizer que o considerava de alguma forma meu guru. De todas as pessoas que conheci neste mundo, ele era quem mais me compreendia … não falo apenas de amor Lato Sensu, mas de compreensão dos recônditos de minha alma em suas nuances e minúcias. Mas é lógico que existia também um amor profundo, que ia muito além da atração física e outros sentimentos não tão nobres. Mas este é outro assunto…
MAUDE ENSINA HAROLD A DEGUSTAR A VIDA COM SOFREGUIDÃO, NO ENTANTO ELA TINHA SEUS DIAS CONTADOS.
Harold era um rapaz rico, mimado, com uma mãe dominante e que não conseguia estabelecer vínculos de afetividade com ele… por algum motivo ele se sentia mais atraído pela morte do que pela vida. Tanto que o que mais curtia era simular suicídios, sempre de uma maneira brutal, querendo com isto, de alguma maneira chocar as pessoas e extravasar seus sentimentos de insatisfação para com a vida.
Ops… eu não queria fazer uma sinopse do filme aqui, não… acho que desaprendi a escrever blogs ou nunca soube… ahahahah… estou muito dispersiva…
O que eu queria dizer é que ter assistido a este filme com minha idade atual, e na conjuntura que eu vivo, fez-me refletir sobre a passagem dos anos, a qualidade de vida e outras questões… OK, Maude, que tanta „vida“ transmitia e contagiava seu aprendiz, Harold… ela optou por colocar um fim à sua existência assim que completou seus 80 anos de idade. Num dos trechos do filme ela diz que morrer com 75 anos é um pouco cedo, e com 85 já seria um pouco tarde… daí a data que ela tratou de cumprir.
Na primeira vez em que eu assisti o filme, fiquei triste com o final, e não pude apreender o seu sentido maior – a importância de vivermos com qualidade a vida que temos, sem nos preocuparmos com coisas banais e a opinião dos outros… mais do que isto, viver com paixão, sugar cada momento que se apresenta com sofreguidão.
E NUMA DAS NOITES PASSADAS, LOGO ANTES DE DORMIR, EU ME DEI CONTA DE QUE MEU TEMPO TAMBÉM ESTÁ CONTADO
Eu nunca antes tinha tido uma consciência tão avassaladora da passagem do tempo. Fiz uns cálculos de um inferno que vivo há 5 anos (pasmem, 5 anos!!!) por causa de um vazamento, ou suposto vazamento… uma outra história. Fui infernizada pela vizinha por 5 anos, entendam… e ela vai continuar tentando me levar à loucura. Sobre isto escreverei depois… é muito importante. Mas… eu refleti… 5 anos de encheção de saco até as raias do absurdo… mais tempo do que os 4 anos que eu tive pra viver com meu amado Stefaninho… já estou na Alemanha há 11 anos, logo completarei 12 (em abril de 2013)… e quantos anos ainda terei de vida?
Adianto que me aproximo dos 60 anos, e isto não é nada fácil de se viver e muito menos de falar (ou escrever). Quantos anos viverei ainda… 10, 20? Se viver uns 20, estarei então com quase oitenta anos (faltando um pouco ainda)… e já estarei bastante velha, inclusive… ou posso morrer antes, quem sabe??? Ninguém sabe!!! E as contas… 5 anos de inferno, acossada por uma vizinha insuportável, por uma criatura que passa só coisas que o povo costuma chamar de „energia negativa“, „maus fluídos“, mas isto é muito místico para uma agnóstica como eu… enfim, as contas… 5 anos! Cerca de 1/4 do tempo que me resta pela frente, se eu viver até os 80 anos de idade… neste tempo todo eu perdi minha paz de espírito, senti-me invadida e desrespeitada no meu direito de privacidade, enfim… (suspiro)… agora ela recomeça o drama… já fez quebrarem meu box do banheiro, já destruiu meu vaso sanitário, fez-me aguentar semanas de uma máquina infernal me atazanando… sem nunca respeitar meu direito constitucional a não ter o meu lar invadido. Enfim… assunto para o próximo ou um dos próximos posts, com imagens da destruição – fotos e videos que eu fiz do que já se passou nesta casa.
E agora? Devo me descabelar de novo, ficar desesperada, reagir? Não!!! Não adianta nada, não vou fazer o que ela quer, não vou entrar no jogo dela… mas… e minha vida? E o resto de tempo que tenho aqui na Terra ainda, como vou poder viver com intensidade, se nem tranquilidade eu posso ter dentro de meu próprio lar? Penso em tudo… penso em ir embora daqui, que seja por um tempo… deixar a casa como está e ir com meus filhotes pra outro canto, numa casa alugada, gastando muita grana… mas quem sabe… vivendo com qualidade este trecho de vida que ainda me aguarda.
Eu agora me conscientizo totalmente de minha finitude, como um doente terminal que escuta o médico sentenciar sua sobrevida provável. Sinto a partir disto a premência do tempo, e de viver com qualidade o resto de minha vida… com o necessário conforto de que os velhinhos carecem. Sobre isto meu amigo Francis também carinhosamente me alertou.
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Deixo a música-tema do filme:
Cat Stevens “If You Want To Sing Out, Sing Out” Lyrics
Well, if you want to sing out, sing out
And if you want to be free, be free
‚cause there’s a million things to be
You know that there are
And if you want to live high, live high
And if you want to live low, live low
‚cause there’s a million ways to go
You know that there are
Chorus:
You can do what you want
The opportunity’s on
And if you can find a new way
You can do it today
You can make it all true
And you can make it undo
You see ah ah ah
Its easy ah ah ah
You only need to know
Well if you want to say yes, say yes
And if you want to say no, say no
‚cause there’s a million ways to go
You know that there are
And if you want to be me, be me
And if you want to be you, be you
‚cause there’s a million things to do
You know that there are
Chorus
Well, if you want to sing out, sing out
And if you want to be free, be free
‚cause there’s a million things to be
You know that there are
You know that there are
You know that there are
You know that there are
You know that there are
Fonte: http://www.lyricsfreak.com/c/cat+stevens/if+you+want+to+sing+out+sing+out_20028104.html